terça-feira, 11 de maio de 2010

Gagarejar é indelicado




Abjecto luminar

Náuseas vãs inundam colos silenciosos
Superficiais são os outros que se protegem
Entidade paternal inventada pelos invejosos
Que por não saberem nadar não imergem

Criam-se citações facilmente
De boa vontade ou com interesse
De coisas belas inversamente
Queixa-se o povo: este e esse.

Ao contrário, hasteado o semblante aborrecido
Num balanço etéreo da alma e da cruz
Foi morto lá noutro mundo desvanecido
Havia bosta no chão que não era reclamada pelos cus.

Agora vejo com mínima vontade
Que ninguém aqui quer construção colectiva
Sobeja enfim a abstracção repetitiva
Dos que se dizem fazer e ser bondade.

É fácil demais falar do passado com um sorriso
E cuspir no copo onde bebemos o hoje em dia
Mais união é que era preciso
Afinal o colectivo é feminino e eu que não o sabia.

Quanto mais desiludido melhor
Sonhar não é preciso. Necessário é encontrar
Encontrar cada bocado de dor
Enaltecer cada dia e cada luar…

Mas trovoadas calam as paredes
Garantem os outros que se protegem
Já presos nas imundas redes
Morrem. Nunca mais emergem.