sábado, 20 de fevereiro de 2010

Criptonauta vil




Relógio

Perdi tempo a argumentar
Na tentativa de obter justificação superior
Explicação sem pudor
Frontalidade dura de enfrentar

Perdi muito tempo a concretizar o impossível
E a idealizar com distinção reservas de opinião
Que resvalam e tombam na ilha do verosímil
Aonde alcança nenhum barco ou camião

Perdi tempo a abrir a porta
E a atravessá-la para me esbater em tons de sol
A soleira estava torta
E só me sobrou a chuva que acalmou um caracol

Que depois pisei distraído

Pisei tempo convencido
De que ainda havia mais para dar
Perdi tempo que eu não tinha compreendido
Ser estranho além da minha ampulheta rudimentar.