domingo, 11 de junho de 2023

FALAM DE MIM


Falam de mim...


Por agora, na sensação do espaço / no seu sentimento.

na simples perceção do limite / na percussão cardíaca contra cada delimitação

reside um senhorio e um hóspede / uma inflamação 

e um unguento.


Em breve, será a liberdade apenas uma promessa suja / de propaganda

e a suposta realidade do impossível: meramente isso.

Na porta um fechadura sem chave / e sem serviço

até ela nada se dirige nem anda / só tresanda.


Agora, atrevo-me a falar do espaço e do tempo / mesmo assim

sem soneto / sem significado e sem cuidado semântico

num predicado desprovido de estilo / embora romântico

no inicio foi o verbo / agora fundamentalmente o fim.


Pois que quando o tempo e o espaço se perdem / tudo é vazio

a memória, o passado e o futuro derretem / o círio abençoado

desmoronado / e sem pavio


Muito embora, o rosto estará macilento e frio

quando tão grandemente foi rosado e sadio.

Assim tudo se afoga/ nesta água de um rio / sem foz / sem fim.