FALAM DE MIM
Falam de mim...
Por agora, na sensação do espaço / no seu sentimento.
na simples perceção do limite / na percussão cardíaca contra cada delimitação
reside um senhorio e um hóspede / uma inflamação
e um unguento.
Em breve, será a liberdade apenas uma promessa suja / de propaganda
e a suposta realidade do impossível: meramente isso.
Na porta um fechadura sem chave / e sem serviço
até ela nada se dirige nem anda / só tresanda.
Agora, atrevo-me a falar do espaço e do tempo / mesmo assim
sem soneto / sem significado e sem cuidado semântico
num predicado desprovido de estilo / embora romântico
no inicio foi o verbo / agora fundamentalmente o fim.
Pois que quando o tempo e o espaço se perdem / tudo é vazio
a memória, o passado e o futuro derretem / o círio abençoado
desmoronado / e sem pavio
Muito embora, o rosto estará macilento e frio
quando tão grandemente foi rosado e sadio.
Assim tudo se afoga/ nesta água de um rio / sem foz / sem fim.