quarta-feira, 8 de junho de 2011

Enquanto me sinto desapaixonado



Por uma vez, a dor de Mehmet Klepo

Vou onde me explicarem do ódio
Onde me falarem da morte
Onde me quiserem vivo.
Vou onde as ondas vão
Bater no colo das pirâmides de terra
E nas entranhas das progressivas massas desiludidas.
Vou onde o vento começa
Nidificar uma ideia, uma nova visão, um olhar
E estabelecer ténues partituras de lirismo e de injustiça.
Vou onde os equívocos moram
Para querer o pouco bom da vida e o menos mau
E separar as sendas, o estigma e a beleza. Enganar-me também.
Vou. Vou onde quer que vá
E já termino a insuportável missiva que transpiro
Para num sono eterno repousar entre as lápides do vinho sôfrego
Que me sacia…